Os quatros tipos de profissionais



O “querer” não pode ser compartilhado – no máximo ele poderá ser estimulado. Eu posso dividir com você a alegria do nascimento de um filho, o prazer de compartilhar um bom almoço... São coisas que nos deixam felizes. Mas eu não consigo fazer você querer melhorar seu relacionamento com seu chefe – esse processo é individual, é seu – você quer ou não quer.

Um exemplo claro deste “querer” ocorreu recentemente, por ocasião da Copa do Mundo. O que diferenciou a forma de jogo dos holandeses dos brasileiros? Foi a motivação. Foi o compromisso com os objetivos estabelecidos, foi o querer vencer! Comprovou-se ali que não adianta propagar uma imagem de “melhores do mundo”, se não nos investirmos da responsabilidade que este “ser melhor” nos delega. Aqui ou no campo de futebol, ser o melhor é ser responsável por garantir o melhor resultado. E para ser o melhor e obter o melhor resultado, eu preciso querer muito!

Ninguém é o melhor à toa – essa é uma construção extensa e que, como foi demonstrado na Copa do Mundo, também é uma construção permanente – o melhor quer muito e é humilde: sabe ganhar e aprende com o insucesso. Avalia as ocorrências que levaram ao insucesso, mantendo-se sempre motivado para o recomeço. A Holanda pode não ter o time de estrelas que o Brasil tem, mas naquele jogo, todos assumiram a responsabilidade do querer buscar a vitória – efetivamente eles eram um time! Assim, lá vão algumas dicas para qualificarmos o nosso “querer”.

O “querer” não é compatível com o “medo”. Quem “quer”, via de regra, não tem medo. Por exemplo: você quer praticar esportes de aventura, fazer rapel, rafting, pular de pára-quedas, não dá para ter medo. Ao mesmo tempo em que não dá para ter medo, senão você não praticará este tipo de esporte, você tem de estar plenamente convencido de que quer fazer aquilo. E quanto mais convencido você estiver de que você quer fazer aquilo, menor será o medo de enfrentar desafios. É por isso, inclusive, que muitas empresas tem investido em treinamentos baseados na prática de esportes radicais.

Enfrentar seus medos é o primeiro passo para você conquistar sua segurança. Quanto mais seguro você estiver, mais você irá querer novos desafios – você aprenderá que sem correr riscos, não conquistará esse novo horizonte que se apresenta à sua frente. Pule dentro do desconhecido. Queira descobrir o que está além daquele lugar em que você se encontra. Corra riscos. Não tenha medo, pois afinal, você é um homem ou uma galinha?

Eu vou aproveitar essa galinha para dar uma “canja” para vocês. Quando falamos no “querer”, podemos classificar os profissionais que povoam o ambiente de trabalho de qualquer organização em quatro categorias:

1. O profissional “galinha”: aquele que tem medo de tudo – do chefe, do nível de emprego e desemprego noticiado pelos jornais, do aumento do dólar que vai gerar queda nas importações, na queda do dólar que vai gerar queda nas exportações, no boato de fusão com a empresa concorrente... O profissional “galinha” se preocupa tanto consigo próprio que esquece que está ali para trabalhar e não para ficar “ciscando” de um lado para outro. Ele acaba produzindo pouco, pois quer pouco. Ele é pouco motivado e pode eventualmente espalhar sua “gripe aviária” dentro da organização, desmotivando outros quadros da equipe. Sugestão: bote a galinha para correr, a não ser que você deseje fazer uma canja.

2. O profissional “papagaio”: é aquele cara falante, ativo. Dá-se bem com quase todo nunca mundo e vive prometendo ajudar a todos resolverem seus problemas. Fala, fala e nada de resultados. Promete soluções que nunca vêm, mas sempre tem uma resposta na ponta da língua: “Sabe o que foi chefe – o fulano ficou de me ajudar a preparar o relatório, mas como eu pensei que ele já tivesse entregado ao senhor, eu não me preocupei”. Reparem que o “papagaio”, por falar demais, tende a envolver outras pessoas em suas “papagaiadas”. Cuidado com esse “penoso”. Sugestão: coloque-o em seu devido poleiro – os profissionais “papagaio”, necessariamente, não são um problema para a organização, desde estejam sob a tutela de um líder experiente. Basicamente são sujeitos motivados, mas pouco focados em resultados. Precisam aprender a querer mais.

3. O profissional ”urubu”: ah... Quem não conhece esse tipo dentro da organização? Esse sujeito se caracteriza por sua natureza totalmente desmotivada. É aquele sujeito que acorda de manhã e logo reclama: “Mais um dia de trabalho naquela droga de empresa. Dai-me forças, Senhor”. Só que o Senhor não vai dar forças para um cara desses. Aliás, nem o Senhor nem ninguém, porque simplesmente esse cara não quer!

Lembram da regra básica do querer? Querer é não ter medo, é buscar desafios, é enfrentar o desconhecido. O profissional “urubu”, além de não buscar nada (porque, simplesmente, não quer), consegue impor ao ambiente um peso, um mal estar que se impregna no ambiente e nas relações interpessoais e, pior, com os próprios clientes da empresa. É aquela história da atendente que recebe a ligação do cliente assim: “Alô. Com quem deseja falar. O ramal está ocupado. Você vai esperar”, no que o pobre cliente pergunta se ela poderá resolver seu problema e a moça, interrompendo sua pergunta, responde: “Olha senhor, meu serviço é atender as chamadas e encaminhá-las aos responsáveis. Não posso ajudá-lo. Se quiser, retorne sua ligação daqui há pouco. Nossa empresa agradece. Passar bem”. Imaginaram a cara do coitado? E aí todo aquele trabalho de conquista desse cliente foi por água abaixo, por conta do azedume do “urubuzão” que o atendeu.

A marca da empresa fica comprometida. Uma pesquisa realizada há algum tempo atrás apontou que os clientes sentem-se bem atendidos por uma empresa quando são recebidos com um sorriso. Segundo esse levantamento, apenas 5% da população ri, 35% mantém uma postura indiferente perante a vida e 60% tem uma postura de enfado, de tristeza, de “aporrinhação”. Ou seja, 95% dos potenciais clientes de sua empresa chegam tristes ou indiferentes até você. Agora, já pensou se esses clientes de depararem com seu “urubuzão” logo no primeiro contato? Por isso é determinante o “querer” o estar motivado. Quanto ao “urubuzão”, bem... Ou você o convence que existem coisas melhores do que a carniça à qual ele está habituado ou, então, mande-o voar para outros ares – deixe claro que em sua empresa, quem voa são as águias.

4. O profissional “águia”: a águia é um pássaro emblemático. Desde o antigo Egito ela representa o elo entre o homem e o divino. É a rainha dos céus, o pássaro que voa mais alto e mais rápido. É inteligente, astuta e precisa em seus atos. Quem já viu uma águia pescando seu alimento não tem dúvidas quanto a isto. O profissional “águia” tem muito disso. Sua determinação e o foco de suas ações são facilmente percebidos. É um sujeito que quer atingir suas metas, seus objetivos, sem medo de pular no abismo desconhecido, igualmente ao que faz a águia. E aí vocês podem perguntar: “Mas um cara desses na empresa é um perigo –eu vou ser esmagado por ele”.

O verdadeiro profissional “águia” traz consigo características peculiares, como as do próprio pássaro: ele valoriza o aprendizado que lhe foi dado, o apoio recebido para que pudesse dar o primeiro salto no abismo desconhecido. A história é assim: quando os filhotes da águia começam a crescer, eles deverão seguir sua natureza, que é a de voar e caçar. Mas como as águias fazem seus ninhos na beira de abismos ou no topo das montanhas, os filhotes têm medo de saltar. A mãe águia, aos poucos, vai retirando do ninho as penas macias que protegiam e aqueciam os filhotes, tornando o antigo recanto de conforto num ambiente extremamente desagradável ao filhote.

Os mais espertinhos quando percebem essas mudanças e começam a se espetar nos gravetos que eram a base do ninho, saltam no abismo para seu primeiro vôo. Mas sempre tem aquele que é mais “lerdinho” e precisa de um incentivo extra. Nesses casos, a mãe águia não hesita em empurra o filhote para fora do ninho. É uma questão de sobrevivência – ou ele aprende a voar, ou morrerá. E aí a pequena águia se desespera e vai caindo, caindo, caindo. Será a águia uma mãe desnaturada que deixará seu filhote morrer? Quando ela percebe que o filhote não consegue voar, dá um vôo rasante e o salva no último segundo.

Mas vocês acham que ela o leva de volta ao ninho? Não! Ela voa alto e o solta novamente, repetindo o processo até que ele aprenda a voar. E assim fecha-se o ciclo da vida. Essa história ilustra o aprendizado do profissional “águia” – ele somente completará seu ciclo quando iniciar outras águias em seus próprios vôos. Esse é o profissional que toda empresa gostaria de ter em seus quadros.

Galdeano, Antonio Sebastião
Mestre em Educação, especialista em Educação Profissional e graduado em Artes Cênicas. Atua como professor em cursos de Gestão de RH e é consultor na área de Desenvolvimento Humano.

FONTE: Site da HSM Inspiring Ideas - http://www.hsm.com.br/

Comentários

  1. Mestre Professor Paulo Barreto,

    Sinto - me incomensuvalmente feliz de saber da sua extraordinária e inenarrável ascensão, pois me lembro ainda em tempos não tão idos a conversa que tivemos sobre a escada do sucesso da vida . E posso dizer de maneira confortável e sem margem de erro de tolerância que você também chegou lá. Parabéns !

    Um fortíssimo abraço do seu amigo

    Waldir Nogueira (Prodesp)

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  2. Olá Waldir Nogueira,
    lembro-me do primeiro dia que entrei na Prodesp onde tivemos uma conversa sobre como crescer na empresa, hoje sou um professor,palestrante, consultor, colunista, porque ouvi uma pessoa que foi um mentor na minha carreira. Obrigado por tudo e que Deus continue brilhando sempre o seu caminho!!!

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