Melhores e Maiores de 2011

Olá,

Ontem participei da cerimônia de premiação das melhores empresas do ano, o evento contou com a presença do Presidente do Banco Central Alexandre Antônio Tombini.

Sabemos que estamos crescendo neste mercado global, o fortalecimento do mercado interno colocaram o nosso país no centro das atenções dos investidores internacionais, infelizmente ainda temos um grande caminho a percorrer, tanto na esfera política, empresarial e na sociedade.


O Brasil tem que mudar a sua política (tributária e legislativa), ser menos hostil e investir na educação!!!


Roberto Civita no Melhores %26 Maiores 2011

Abertura Roberto Civita, começou o seu dircuso "Um 2010 memorável nos basta?"
Presidente do conselho de administração da Abril afirma que desempenho excepcional no ano passado não foi suficiente para acabar com lado anacrônico da economia.

Exemplos disso, na visão do executivo, são a excessiva carga tributária – classificada por ele como uma das “mais vorazes do mundo” -, a burocracia “enlouquecedora”, precariedade da infraestrutura nacional e o setor de educação que, segundo ele, “continua claudicante”.

Para ele, esse é um cenário de oportunidades únicas para o país. “Só reformas profundas e corajosas garantirão que o Brasil seja não o ‘país da moda’, fruto de uma conjuntura benigna e de ocorrências que fogem ao nosso controle, mas uma nação realmente competitiva em termos globais”, afirmou.

Leia abaixo a íntegra do discurso:

"Senhoras e senhores, boa noite e bem-vindos.

É uma honra e um prazer recebê-los aqui hoje para celebrar as vitórias e os resultados obtidos pelas 500 maiores e melhores empresas do país.

É inquestionável que 2010 foi um ano extraordinário – e muito provavelmente, inesquecível - para o Brasil e para boa parte de suas empresas. O crescimento excepcional do PIB e o vigor de nosso mercado mostraram-se decisivos para colocar o país numa posição de destaque e para estimular investidores internacionais a nos olhar de forma diferente – e a colocar seus recursos aqui. O Brasil avançou como há muito tempo não avançava.

Tivemos o benefício de contar com dois poderosos motores a nos empurrar. O primeiro: o ápice de uma década de alta sem precedentes no preço de nossas commodities. O novo mundo que cresce – simbolizado pela China potência – precisa do minério e dos alimentos que produzimos. E, até agora, está disposto a pagar caro por eles. O segundo fator: um cenário invejável em termos de demografia. Como EXAME publicou recentemente, estamos em pleno processo de bônus demográfico. Em dez anos, 70% dos brasileiros farão parte da população economicamente ativa. Até lá, produziremos e consumiremos como nunca em nossa história.

Dito isso – e sem querer estragar uma festa que tem tudo para ser grandiosa – lanço uma questão à plateia de empresários, executivos e autoridades aqui presentes: um 2010 memorável nos basta?

Anos como esse que acabamos de viver não se repetirão -- ou não se repetirão por muito tempo -- se optarmos por fechar os olhos para as urgentes mudanças que ainda temos de realizar. As circunstâncias nos ajudam – mas é óbvio que elas não durarão para sempre. E, então, quando o melhor da festa acabar, ficará evidente que prosperamos graças não apenas às nossas virtudes, mas também apesar de nossos problemas.

Infelizmente, não fomos capazes de aproveitar os últimos anos de crescimento para fazer com que o Brasil se transformasse num país mais moderno e menos hostil a quem empreende, investe e trabalha. Ao contrário, preferimos ignorar nossas mazelas como se essa atitude as fizesse desaparecer. Mas elas não desapareceram! Estão aí, impedindo, dia após dia, que caminhemos na medida das nossas possibilidades, nos ancorando, fazendo com que o Brasil rapidamente perca competitividade em relação a países que decidiram abraçar a eficiência. É possível dar uma infinidade de exemplos disso que talvez seja o lado mais anacrônico do Brasil econômico. Vou ficar apenas ficar em alguns delas:

Nosso sistema tributário é um dos mais vorazes do mundo. O brasileiro paga 85 impostos, taxas e contribuições, sem que isso se converta em melhor qualidade de vida. Em países como Nova Zelândia e Austrália existem apenas três tributos.

Nosso sistema é também o mais complexo. Em média, a cada seis meses, são emitidas no Brasil 4 mil novas normas tributárias. Um funcionário precisaria trabalhar oito meses ininterruptos para administrar, sozinho, o manicômio em que se transformou o departamento tributário de uma empresa brasileira. Na Suíça, o mesmo funcionário faria tudo em apenas um dia.

Temos uma das mais altas tarifas de energia do mundo, o dobro da coreana ou da francesa. Mais da metade do preço que pagamos é composto de tributos e encargos.

Contratar alguém no Azerbaijão, em Tonga e em Uganda – países que não podem ser considerados desenvolvidos – é muito mais fácil e mais barato do que no Brasil.

A burocracia é enlouquecedora. O processo para conseguir uma licença ambiental no Brasil leva até seis anos. E exige a aprovação de até 20 órgãos públicos. Na Dinamarca e na Noruega, países conhecidos pela preocupação com o meio ambiente, bastam cinco instâncias.

Em média, obras de infraestrutura levam oito anos para ficar prontas no Brasil. Na China, a ferrovia Pequim-Xangai, a mais longa do mundo para trens de alta velocidade, foi concluída em dois anos e meio.

Um detalhe revelador da precariedade de nossa infraestrutura: os aeroportos brasileiros contam hoje com um total de 175 fingers. Um único aeroporto americano, o de Atlanta, tem mais do que isso. E já há 2.300 fingers nos modernos aeroportos da China.

Nossa educação continua claudicante, apesar das tentativas de avanço. Apenas 38% da população entre 25 e 34 anos de idade tem o ensino médio completo. No Chile, essa taxa é de 64%. Na Coreia, de 97%.

Até 2012, faltarão 150 mil engenheiros no país. Formamos menos de 50 mil profissionais desse tipo por ano. A Índia forma 750 mil.

A lista de nossos desafios vai muito além dos exemplos aqui citados. E deixa explícito quanto não foi feito – por incompetência, desinteresse ou comodismo – e quanto ainda é preciso fazer.

Governos são responsáveis por isso. Mas não só eles. O Brasil é hoje uma democracia sem a saudável instituição de uma oposição enérgica e ativa. Onde ela está para exigir correções de rota? As associações de classe, as entidades representativas e as empresas não têm cumprido o seu papel de pressionar o poder público a fazer reformas que são imprescindíveis e inadiáveis.

É preciso refletir. Não estamos deixando que a perspectiva de um bom trimestre ou de mais um ano de recordes nos cegue em relação ao longo prazo? Numa atitude típica daqueles que insistem em viver uma eterna adolescência, não estamos vivendo o presente e ignorando o futuro?

Como representantes da elite de homens e mulheres de negócios – e sobretudo como cidadãos brasileiros – precisamos lutar para que o país tenha não mais um ano de glórias, mas décadas de real prosperidade. Nossas virtudes têm de ser ainda maiores que nossa fortuna.

A hora de fazer as mudanças é agora – enquanto as circunstâncias trabalham a nosso favor. Não podemos esperar por mais uma crise para despertar. O Brasil tem diante de si uma oportunidade única de atingir o real desenvolvimento. Não vamos desperdiçá-la, com a ilusão de que temos todo o tempo do mundo e de que Deus, afinal de contas, é brasileiro.

É preciso tomar o destino em nossas mãos. Só reformas profundas e corajosas garantirão que o Brasil seja não o “país da moda”, fruto de uma conjuntura benigna e de ocorrências que fogem ao nosso controle, mas uma nação realmente competitiva em termos globais, onde a visão de longo prazo prevaleça sobre o imediatismo, o conformismo e a falta de ambição para construir um país, de fato, forte e desenvolvido.

Tenho certeza de que é esse o legado que todos nós aqui queremos deixar às futuras gerações de brasileiros.

Assim, além dos merecidíssimos parabéns a todos os premiados, conclamo os presentes a se empenharem para que tenhamos décadas tão prósperas quanto foi o ano de 2010!

Muito obrigado."

Fonte:http://exame.abril.com.br/negocios/noticias-melhores-e-maiores/noticias/roberto-civita-um-2010-memoravel-nos-basta?page=3&slug_name=roberto-civita-um-2010-memoravel-nos-basta







 



















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