A palavra em questão é comprometimento

Carlos Marcelo Sant`Anna de Souza


rh.com.br
Janeiro de 2006
A palavra em questão é comprometimento

Com o que ou com quem estamos realmente comprometidos? Antes de continuar a ler esse texto, solicito que cada um reflita e busque responder a pergunta acima. Tentar responder pode ser fácil, pode ser difícil, pode ser complexo ou pode fazer com que não queira mais ler mais o texto. Independente disso, o importante é você saber com o que ou com quem está comprometido realmente.
Meu questionamento se faz pelo fato de perceber que cada vez mais há um distanciamento entre as pessoas. Existe uma dificuldade crescente em encontrar pessoas comprometidas com algo ou alguma coisa voltada para o comum. Já ouvi algumas respostas que me fizeram pensar mais ainda sobre essa falta de comprometimento. Algumas opiniões que ouvi direcionavam como um dos motivadores poderia ser a educação escolar, que na sua grande maioria ainda desenvolve o aprendizado solitário e avalia trabalhos e desempenho de forma individual.

Já para outros o motivador poderia estar na educação que os pais dão aos filhos, onde os resultados são aferidos em números em uma torturante, exaustiva e constante busca em ser sempre o primeiro, não cabendo em hipótese alguma outro resultado. Acredito que tais processos e comportamentos de pais e educadores são mantidos por todos nós, muito se fala em mudança, mas pouco se muda nas famílias e nas escolas.

Na busca por resposta sobre quais os verdadeiros motivadores de nossa condição de "ego-ismo" e déficit de comprometimento social, alguns arriscam a dizer que a culpa é do poder público, que os políticos não estão comprometidos com o povo. Poderia até ser, mas acredito que os políticos estão muito mais na condição de conseqüência do que de causa nesse processo, afinal de contas eles são eleitos pelo povo para o cargo que ocupam. No universo de motivadores responsáveis pela falta de comprometimento social, boa parte das pessoas responsabiliza as empresas, alegando que estão voltadas para o lucro capitalista e pouco se importam com seu papel social.

Com base nessa questão não podemos esquecer que "empresas" são obras de ficção, pois Pessoa Jurídica só existe para as leis e para burocracia, o que realmente existe são grupos de pessoas divididas de forma organizada, lideradas normalmente por um grupo restrito de indivíduos que determinam todas as normas e procedimentos que devem ser adotadas. Portanto, uma empresa nada mais é que um grupo de pessoas que se unem por um ideal comum. Bem, isso é o que se espera. Voltando à responsabilidade das empresas, me vejo na condição de fazer uma pergunta bem pessoal para que você reflita em seu cantinho mais intimo: o que te faz buscar uma oportunidade em uma empresa?
- O ambiente de trabalho e as relações pessoais que lá existem.
- Um melhor salário, status e benefícios.

Não há resposta certa ou errada, existe apenas uma resposta que nos faz refletir um pouco mais sobre a responsabilidade e o comprometimento que temos, primeiramente com nosso prazer e nossa satisfação em estar bem, depois com nossos semelhantes e o ambiente em que comungamos e vivemos. A palavra em questão continua sendo comprometimento, mas não podemos falar de comprometimento se falar de consciência. Como afirmei anteriormente não existe comprometimento certo ou errado, o que existe é consciência. Podemos arriscar e dividir os indivíduos em dois grupos distintos quanto ao comprometimento consciente: um que vive em busca da qualidade de vida, o outro que busca viver com qualidade de vida.

O primeiro grupo são os indivíduos que acreditam que, a felicidade pessoal, o sentido da vida é estar comprometido com um ótimo salário, ter uma vida dedicada e focada no trabalho e ao desafio dos números. Procura manter um padrão de vida cada vez mais exigente, tende a ser materialista e na maioria das vezes percebem que as relações interpessoais funcionam como um jogo de xadrez, são estrategistas, mobilizam e "comprometem" pessoas com suas próprias causas. Para eles a qualidade de vida está sempre um passo à frente. Normalmente, gastam a saúde em busca de dinheiro e depois gastam o dinheiro que ganharam em busca de saúde.

Para o segundo grupo, a consciência está em ver o sentido da vida comprometido com novas e melhores oportunidades de relacionamento interpessoal, tendem a entender e a aceitar as diferenças entre pessoas e grupos. Observam as conquistas como ações coletivas e o trabalho como um dos elementos naturais do cotidiano. Normalmente, são pessoas que parecem brincar enquanto trabalham tamanha a satisfação que sentem. A qualidade de vida é praticada em cada ação o que, conseqüentemente, repercute positivamente na saúde.

Não vou entrar no mérito de dizer o que é certo ou o que é errado, apenas solicito que reflitam se estão comprometidos e satisfeitos com o que estão fazendo hoje em suas vidas.

Para você mudar e melhorar algo, comece com as coisas que existem dentro de você mesmo. As verdadeiras mudanças começam no coração, são organizadas na cabaça e feitas pelas mãos. Se quiser ser diferente, a melhor forma é fazendo parte do comum, onde vai perceber que não existe ninguém igual a você.

Por Carlos Marcelo Sant'Anna de Souza 
Fonte: http://www.milpalestras.com.br/noticia.php?codigo=64

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