Profissional de Marketing tem que fazer cada vez mais com menos
Pressão por resultados, reduções de budget e a exigência de inovar são apontados como principais desafios por quase 800 executivos ouvidos pela Michael Page e Mundo do Marketing
Por Bruno Garcia, do Mundo do Marketing | 03/10/2013
bruno.garcia@mundodomarketing.com.br
Quando a questão são as pressões que fogem ao controle do profissional, os cortes no orçamento estão em primeiro lugar. A pressão por entrega é citada em segundo com 38%, enquanto a exigência de resultados tem 27%. Na quarta colocação, aparece a pressão por aprendizado constante, citada por 22% dos participantes. Entre os fatores organizacionais que prejudicam as tarefas, a baixa autonomia aparece em primeiro, com 41%. A dificuldade em obter dados que ajudam a compreender melhor o mercado é a segunda dificuldade mais citada, com 35% dos votos. Já o fato de precisar lidar com outros departamentos da organização mesmo sem ter o respaldo do CEO surge em terceiro com 27% das respostas. No quesito baixa autonomia, também são citados os constantes cortes no orçamento.
O escopo do profissional de Marketing também aumentou. São muitas as ferramentas disponíveis e atuar bem em todas elas demanda mais tempo de aprendizado. “Ferramentas de Marketing automation, big data e integração de plataformas estão em alta, como uma promessa de facilitar o trabalho dos profissionais que se veem com menos recursos e equipes menores. Porém, ainda esbarram igualmente no investimento”, afirma Sergio Sabino, Diretor de Marketing da Michael Page para a América Latina.
Cortes no orçamento lideram a lista de desafios
A questão orçamentária acaba se refletindo em todos os pontos de atuação do profissional. Com equipes menores e menos recursos para investir, os departamentos de Marketing precisam se organizar para definir prioridades e ter foco nas ações capazes de gerar maior resultado. Em consequência disso, resta pouco tempo para que os profissionais possam se dedicar à inovação e ao aprendizado. Acompanhar todas as mudanças do mercado ao mesmo tempo em que precisa entregar o dia a dia com resultados torna-se um grande desafio.
Conciliar uma forte presença no digital com um bom relacionamento com clientes aparece na sequência como uma grande dificuldade. O item foi apontado por 13% dos entrevistados e também é reflexo do excesso de tarefas que estão sob a responsabilidade do Marketing, pois os canais online demandam cada vez mais conhecimento aprofundado e dedicação. “Estar presente nos meios digitais exige constante acompanhamento, atuação verdadeira e dedicada. Qualquer deslize nesse aspecto pode prejudicar o relacionamento com o consumidor final”, explica Sérgio Sabino.
Em tempos de aperto, as reduções podem ser drásticas e o Marketing é obrigado a se adaptar, mas também é preciso avaliar se o trabalho continua viável. “Em 2012, devido a um problema de fluxo de caixa, nosso orçamento sofreu um corte de 90%, o que é natural em tempos de crise. O importante é saber se isso é viável, dependendo do setor de atuação da empresa. Se estivéssemos no ramo do varejo e não na construção civil, seria suicídio. Quanto à pressão por resultado, existe uma confusão generalizada sobre o papel do Marketing e outras áreas sabem usar isso para empurrar os problemas adiante. É preciso que os papéis estejam muito bem definidos”, conta Rubens Coelho, Gerente de Comunicação e Marketing da Conpasul, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Dificuldade em medir o ROI é um gargalo
A dificuldade de obter dados que ajudam a entender o mercado e organizá-los contribui para que o ROI ainda não faça parte da rotina. Se por um lado as ferramentas digitais proporcionam um volume grande de informação sobre tudo o que é feito, por outro faltam braços e o investimento em sistemas capazes de operacionalizá-la. “A multiplicidade de plataformas, canais e ferramentas de Marketing surgidas nas últimas duas décadas só contribuíram para este problema e não há tendência de que isso vá mudar”, conta Mello.
Filtrar estas informações de maneira que facilite o cálculo do ROI pode exigir uma maior aproximação com o setor de TI das organizações. “Priorizar a informação essencial é muito importante para o bom desempenho. O executivo deve forçar a simplicação junto à área de TI e a alta direção para obter ganho em tempo de resposta para a organização”, complementa Rubens Coelho, Gerente de Comunicação e Marketing da Conpasul.
Autonomia e suporte da alta direção: obstáculos
Os profissionais de Marketing acreditam que a “disputa de egos” dentro das organizações pode se acirrar e prejudicar todo o andamento do trabalho, caso não haja um envolvimento do principal executivo. “Muitos projetos naufragam porque não se consegue abrir as portas certas a tempo de fazer as coisas acontecerem. Exite muita guerra de egos e um feudalismo descarado e cruel. Quando a alta direção não se envolve, as pessoas, em muitos casos, veem os projetos apenas como mais um trabalho a fazer e, por isso, não colaboram”, aponta Renato Siqueira, Consultor de Marketing Digital da Agência Trii.
Devido ainda aos cortes no orçamento, é comum que exista uma disputa entre os departamentos pela maior fatia dos recursos. Tudo isso exige ainda mais flexibilidade do profissional. “É preciso muito jogo de cintura para saber mostrar o quanto pode ser vantajoso para os outros departamentos trabalhar em parceria, em especial com a área de Marketing, pois ela integra todas as demais em ações de diversas naturezas”, diz Renato Siqueira.
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